quarta-feira, 26 de março de 2014

"Ele te deixa, e a única coisa que sobra dele com você é a esperança de um dia o telefone tocar e ser ele. Então você fica ali, esperando, agarrada no telefone como se fosse a coisa mais importante do mundo - e no momento é. Olha que surpresa, o telefone toca. Você a principio atende como uma desesperada, e se decepciona em seguida por saber que é sua vizinha te pedindo um pouco de açúcar emprestado. Você tenta ser educada o máximo possível, mas quer desligar logo para que a linha não esteja ocupada caso ele ligar. Depois de uns 40 minutos, o telefone toca outra vez. Você tá longe, mas para conseguir atendê-lo no segundo toque, sai correndo atropelando tudo pela frente. Consegue, mas infelizmente não é ele, é a sua mãe perguntando se você já comeu. Que mãe liga para a filha só para perguntar se já comeu? A sua liga, mas você não ta com tempo para responder todas aquelas perguntas bestas que todas as mães sempre fazem, e só diz que tá ocupada e precisa desligar. E desliga. Demorou 2 dias para o telefone tocar outra vez, é sua operadora, e você desliga. No outro dia, toca, toca, toca, e você ta no banho, tenta sair do banho o mais rápido possível para chegar até o telefone, mas quando vai atender, para de tocar. Ai toca mais uma vez, e infelizmente é a sua amiga só pra contar sobre o fulano lá que ela tá a fim, e você demonstra interesse sem estar nenhum pouco interessada. 3 horas depois ela desliga. Você já ta perdendo a paciência, e quer mais que o telefone se exploda. Literalmente. No dia seguinte, ele só tocou uma vez, e caiu. No outro dia, você já não se importa tanto com o telefone quanto antes, e ele já não é mais sua prioridade. Se tocar, tocou. Se você atender, atendeu. Não fazia mais diferença, porque suas esperanças haviam sido assassinadas por você mesma, porque no fundo, você estava cansada de tudo. Passado 30 dias depois do acontecido, seu telefone toca, e olha que merda, era ele. Você fala alô, ele fala alô. Você reconhece a voz, e seu corpo petrifica. Silêncio absoluto que dura uns 10 minutos mais ou menos, até ele quebrar e perguntar “Como você está?”, e você só responde “Bem”, curta e grossa, sem ter que prologar a conversa e nem nada, só “Bem”. Ele solta em seguida “Sinto a sua falta”. Filho da puta! Você passa 30 dias esperando a pessoa te ligar, só para dizer “Sinto a sua falta”? É isso mesmo? Esperou tanto por nada? Sofreu tanto por nada nada? Se desesperou tanto por nada? Então você começa a se sentir minuscula, incapaz, ridiculamente idiota perto de toda a situação. Quer chorar, mas não chora. Quer xingar, mas não xinga. Quer enlouquecer, mas não enlouquece – quero dizer, não mais do que já enlouqueceu esse tempo todo. E só fica parada, ouvindo a respiração de ambos por mais 5 e longos minutos, até dizer com muito esforço “Tarde demais.” Tu… tu… tu… Foram os “tu’s” mais eternos da sua vida. E logo pensa, “Esperar cansa.”"

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