sábado, 19 de outubro de 2013
“Pra falar a verdade, eu não me arrependo de nada. Nada, absolutamente nada com relação a nós dois. O turbilhão de sentimentos e de borboletas coloridas que você me proporcionou valeram muito a pena. Juro. Todo o meu esforço em tentar ser uma pessoa melhor por sua causa não foi em vão. Cresci bastante depois que você atravessou a minha vida, admito. E não me refiro à anos de aniversário, mas anos de amadurecimento e todas essas coisas que a gente passa quando evolui pra novas etapas da vida. O que eu senti quando estive do seu lado não sentirei nunca mais no calor dos braços de outro alguém, disso tenho certeza. O gosto do teu beijo será pra sempre o melhor gosto saboreado por mim. Os teus afagos farão uma terrível falta nos dias que as nuvens resolverem tomar conta do céu. Confesso, a saudade vai arder, incomodar, doer. A tua voz ainda fará eco nos corredores dessa casa gigante que, por mais que tenha meio metro quadrado, dobra de tamanho quando falta a sua toalha secando na varanda e o seu bloquinho de notas em cima da mesa. Mas, repensando na afirmativa inicial, há uma coisa do qual eu me arrependo: não ter te deixado antes que você o fizesse. Eu me lembro de todas as vezes em que você, incessavelmente, repetiu que não-me-deixaria-por-nada-nesse -mundo. E o meu maior erro foi não ter duvidado em nenhuma delas. Por favor, não me leve a mal. Eu não quero e nem vou cobrar algo que você não pode me dar. Algumas coisas não se obrigam, não se impõem, não se exigem. Uma delas - a principal, eu diria - é amor. A minha intenção não é implorar a tua volta, o teu meio-sentimento ou a tua compaixão. Eu só queria que você soubesse que, diferente da sua atitude, eu teria ficado. Eu teria enfrentado todos os dragões possíveis pra salvar o que tínhamos. E foi exatamente o que eu fiz. Por várias vezes eu pensei em desistir e você segurou forte os meus ombros até que eu mudasse de ideia. O engraçado foi que na hora de ir embora, você sequer olhou pra trás. Como era mesmo que a minha vó dizia? “A gente sabe deixar, não ser deixado”. Talvez seja exatamente isso, esse sangue frio na hora de abandonar e o sangue quente na hora de pedir colo. Depois de todo esse tempo suportando situações irreversíveis e segurando lágrimas que pesavam uma tonelada, acabei sozinha. Sem você, sem final feliz e sem futuro perfeito. Sem nenhum resto de amor pra contar história. Sem nenhuma história digna de ser contada.”
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